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Gilberto Silva desabafa.
“O Gilberto é sempre o velho da história, os outros são experientes. A conotação é sempre diferente quando é voltada para o meu lado”, afirma.
Não chega a ser bem um desabafo. Ao conversar com exclusividade com o ESPN.com.br nesta terça-feira, na Cidade do Galo, ele esboça até um sorriso ao comentar a sua situação.
O volante agora convertido em zagueiro não se sente em dívida com ninguém. Nem com os críticos tampouco com o passado.
Provável substituto de Leonardo Silva, lesionado, nesta quarta-feira, no confronto decisivo com o São Paulo por uma vaga nas quartas de final da Libertadores, ele é o único remanescente da última participação do Atlético-MG no torneio sul-americano, em 2000. Saiu de seus pés o passe errado que selou a passagem do Corinthians para as semifinais da competição naquela temporada.
Desde então, 13 anos se passaram. Gilberto Silva conquistou o mundo, foi ídolo no Arsenal, se deu bem no Grêmio e voltou para casa, como ele mesmo diz. Agora parte atrás da Libertadores perdida. Sem a ajuda da arbitragem, ao contrário do que sugere polêmica suscitada pelo São Paulo nesta semana.
“Não acho que ninguém nos ajude”, rebate.
Confira os principais trechos da entrevista abaixo.
ESPN: Existe alguma semelhança entre a atual campanha do Atlético-MG na Libertadores e aquela de 2000?
Gilberto Silva: A situação hoje é um pouco diferente. O Atlético-MG está vivendo uma fase de euforia muito grande, principalmente por parte do torcedor, que tem a carência de um título importante. Temos hoje um grande grupo de atletas mais qualificado do que aquele que tínhamos em 2000. Dá mais confiança.
ESPN: É possível dizer que você ganhou uma nova chance após entregar a bola nos pés do Edilson naquela Libertadores?
Gilberto Silva: A gente não deve se apegar ao passado. Tem que tirar apenas o exemplo das coisas que não deram certo para não cometer os mesmos erros.
ESPN: Dá para imaginar esse Atlético-MG que anda tão bem, como você mesmo afirma, sendo base de uma seleção brasileira?
Gilberto Silva: Nós temos aqui cinco ou seis jogadores que poderiam estar fazendo parte da seleção sempre. Então, com certeza. Quando você olha para um time como o Atlético-MG vivendo esse bom momento e brigando nas cabeças, não é por acaso.
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ESPN: Até por isso, incomodam de alguma forma esses comentários de que o Atlético-MG está sendo ajudado na Libertadores?
Gilberto Silva: Acho que se o Atlético-MG foi pedir uma arbitragem estrangeira, tem o seu motivo. Não é uma situação nossa. Os jogadores não estão preocupados se vai ajudar ou atrapalhar, seja qual for o árbitro. No jogo anterior, a arbitragem fez o papel dela e nós fizemos o nosso. Acho que ninguém nos ajuda. Nós estamos fazendo apenas o nosso trabalho e correndo mais do que os outros.
ESPN: Como vocês veem o possível desfalque do Osvaldo no São Paulo?
Gilberto Silva: Nada para a gente vai sair de graça. Sabemos que se não fizermos da mesma forma que foi no Morumbi, não vamos passar. Principalmente por ser um jogo dentro de casa, não pode deixar que a ansiedade atrapalhe. Temos uma oportunidade grande de passar para a próxima fase. Mas nada virá de graça independente de quem jogue.
ESPN: Você pode chegar agora à sua quarta partida seguida na temporada. O Atlético-MG é um capítulo final na sua carreira?
Gilberto Silva: Não sei, não sei...
ESPN: Te incomoda esse papo de veterano?
Gilberto Silva: Na verdade, algumas coisas na minha carreira aconteceram com um peso diferente para mim e para outros atletas. Não sei se pelo fato de eu ser mais tranquilo alguns acabaram se aproveitando da situação. O Gilberto Silva é sempre o velho da história, os outros são experientes. A conotação é sempre diferente quando é voltada para o meu lado. Mas eu encaro isso de forma muito tranquila e trabalho sempre para estar no meu melhor. Sempre fui assim desde mais novo. Obviamente que tinha mais força anos atrás. Infelizmente nessa função nem sempre você é valorizado, como aconteceu várias vezes comigo, mas a melhor forma é trabalhar em silêncio.
ESPN: Volante nunca mais?
Gilberto Silva: Hoje não passa mais pela minha cabeça jogar como volante. É uma função (zagueiro) que eu esperava fazer um dia na minha carreira. A partir do ano passado (no Grêmio), assumi esse lugar, acho que fui super bem e também já tinha feito no início da carreira (no América-MG). Só mesmo numa eventual necessidade é que posso voltar atrás.
ESPN: Quem são suas referências nesse novo espaço em campo?
Gilberto Silva: Eu cresci vendo grandes jogadores fazendo essa função de zagueiro, líbero. O Luizinho, do Atlético-MG, Baresi, da Itália, Ricardo Gomes, Aldair, Márcio Santos. Todos grandes jogadores que fizeram história. Fico feliz de hoje também serviu como referência para outros na função que fiz.
Blog do Adeylson Sousa Por Marcus Alves, de Belo Horizonte (MG), para o ESPN.com.br
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