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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Saída de Edenilson gera suspeita em contas do Corinthians

Foi na semana de 20 de janeiro de 2014 que Edenilson recebeu a notícia de que sua passagem de quase três anos no Corinthians havia chegado ao fim. Naquele dia, o lateral recebeu uma proposta da Udinese (ITA), onde continua até hoje. Mas no balanço do clube apresentado recentemente, a história não foi contada dessa forma. O alvinegro registrou a transação de R$ 11,2 milhões em 2013, o que lhe garantiu um superávit de R$ 1 milhão.
No Parque São Jorge, entre conselheiros, a medida é vista como uma manobra da diretoria para terminar o período com um saldo positivo. Auditores procurados pela reportagem também acreditam que há algo estranho no relatório, mas não quiseram dar entrevistas sob a justificativa de seguirem a ética da categoria.
Entenda o que aconteceu
No dia 6 de janeiro de 2014, o então diretor de futebol Roberto de Andrade afirmou em coletiva de imprensa que o Corinthians estava aguardando uma proposta oficial da Udinese para poder liberar Edenilson. A conversa da saída do lateral começou em dezembro de 2013. 
No dia 16 de janeiro, Ronaldo Ximenes, substituto de Andrade, afirmou também em coletiva que o jogador só seria liberado quando os papeis fossem assinados e que, até aquele momento, não havia ainda nada acertado.
No dia 20 de janeiro, enfim, a proposta chegou e Edenilson foi liberado para viajar para fazer exames na Itália e assinar seu novo contrato. 
Pouco dias depois de ter começado a treinar em seu novo time, o atleta teve conhecimento de que não poderia jogar na temporada, pois o clube havia excedido o número de estrangeiros na equipe. Foi, então, que se abriu a possibilidade de o lateral voltar por empréstimo ao alvinegro, o que acabou não dando certo.
Depois de uma matéria no Blog do Paulinho, que questionava quem havia comprado os direitos econômicos do lateral, o Corinthians se pronunciou por meio de uma nota em seu site no dia 13 de fevereiro dando detalhes sobre o negócio. Entre outras coisas, o clube dizia que o valor de 3,5 milhões de euros ainda seria repassado aos cofres do Parque São Jorge, que depois faria o pagamento dos outros 60% dos direitos econômicos aos respectivos donos.
Segundo o balanço, no entanto, o alvinegro teve uma receita de cerca de R$ 69 milhões em 2013 com venda de jogadores. Entre esse montante está os R$11,2 milhões de Edenilson. Questionado pela reportagem, o diretor financeiro do clube, Raul Corrêa da Silva, se limitou a dizer que o relatório estava correto.
"Ele foi vendido em 2013, se não, não estaria no balanço", afirmou.
Ainda assim, o ESPN.com.br procurou por duas vezes a assessoria de imprensa do clube, pedindo esclarecimentos sobre o assunto, mas nada foi respondido até a publicação desta matéria. A reportagem ainda questionou o fato de não haver detalhes das transações, como pode ser encontrado em balanços de outros clubes. O São Paulo, por exemplo, coloca quanto recebeu, quanto pagou de comissão e quanto repassou a terceiros. 
Segundo o advogado Pedro Trengrouse, a falta de transparência no caso atrapalha o entendimento das contas corintianas.
"Vários clubes não cumprem as normas. Você consegue ver assim que cada um coloca do jeito que quer as coisas no balanço. Isso compromete a transparência. É impossível eu te falar mais coisas sobre isso diante do que tem no balanço. Uma coisa é fato, está confuso", afirmou o professor da FGV. 
A reportagem também falou com a assessoria de imprensa de Edenilson, Fabio Bolla, que afirmou que a venda aconteceu em 2014.
Despesas
Assim como não há detalhes de como o Corinthians conseguiu arrecadar os R$ 69 milhões com a venda de jogadores, não há informações das despesas com aquisição de atletas. Fica impossível, dessa forma, dizer se o clube já repassou o dinheiro dos terceiros, já que ele só era dono de 40% dos direitos econômicos de Edenilson, ficando com apenas R$ 4,4 milhões do valor total. 
Segundo o balanço, o time do Parque São Jorge gastou pouco mais de R$ 15 milhões em 2013 com contratações, sendo esse o valor de uma única parcela de Alexandre Pato, das três combinadas com o Milan (uma por ano).
Se o lateral não tivesse entrado no relatório de 2013, o Corinthians teria terminado o ano com uma dívida dívida de pelo menos R$ 3 milhões, que pode chegar até R$ 10 milhões se não tiver contabilizado o repasse dos direitos econômicos do ex-jogador.
A reportagem também fez essa pergunta ao Corinthians e não obteve resposta.

Um grande abraço.
Fonte: ESPN

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