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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Juiz bloqueia bens de envolvidos com obras do Mineirão



Denúncias de irregularidades nas obras do Mineirão para sediar os jogos da Copa de 2014 em Belo Horizonte levaram a Justiça Federal em Minas Gerais a bloquear bens de integrantes do governo mineiro e do escritório Gustavo Penna Arquitetos & Associados, responsável pelo projeto de reforma do estádio. O pedido de bloqueio de bens foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF), que apontou uma série de ilegalidades no contrato com o escritório, no valor de R$ 17,8 milhões, feito sem licitação. 

Os atingidos pela liminar expedida pela 10ª Vara da Justiça Federal são o coordenador do Grupo Executivo da Copa do Mundo (Gecopa), Luís Manuel Rebelo Fernandes, o diretor-geral do Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop-MG), Gerson Barros de Carvalho, o antigo ocupante do cargo de diretor-geral do Deop-MG, João Antônio Fleury Teixeira, o gerente de Projetos e Custos do Deop-MG, Oizer Myssior, o ex-presidente do Comitê Executivo da Copa, Tadeu Barreto Guimarães, e o escritório de arquitetura responsável pelo projeto. Os bens bloqueados somam R$ 3,8 milhões, sendo R$ 1,9 milhão dos integrantes do governo e R$ 1,9 milhão do Gustavo Penna Arquitetos & Associados.

Na denúncia, o MPF aponta diversas irregularidades no caso, começando pela dispensa de licitação para contratação do escritório de arquitetura, considerada "indevida" pela Procuradoria da República. A dispensa foi proposta por Tadeu Barreto Guimarães e submetida à avaliação de Oizer Myssior, que foi favorável com base na "singularidade" do projeto e na "notória especialização" do escritório a ser contratado. O filho de Oizer Myssior, o arquiteto Leon Cláudio Myssior, é sócio de Gustavo Penna na empresa URBX.

A ação ressalta que a "alegada especialização" não foi comprovada. "Não se discutem os méritos ou a capacidade profissional do referido escritório. Todavia, não consta de seu portfólio qualquer projeto que pudesse demonstrar sua especialização em estádios ou seu conhecimento das normas da Fifa sobre o assunto", aponta a denúncia do MPF.

A ação ainda cita outras irregularidades, como a suposta exiguidade do prazo para a reforma, alegada pelos acusados. Porém, Gustavo Penna já participava de reunião do Comitê Gestor da Copa em 24 de junho de 2009, sendo que o contrato só foi formalizado cinco meses depois. Para o MPF, todo o procedimento foi apenas para formalizar "uma escolha realizada muitos meses antes".

Custo - A Procuradoria da República ainda aponta o valor do contrato como a mais grave irregularidade, pois, na reunião do Comitê Gestor, diante de orçamentos apresentados por outras empresas, Gustavo Penna admitiu adaptar o projeto, em conformidade com as exigências da Fifa, para reduzir o custo, o que levou o MPF a deduzir que "as propostas iniciais levavam em conta projetos bem mais complexos do que o final". 

A ação lembra que o escritório do arquiteto Oscar Niemeyer cobrou R$ 6 milhões pelo projeto da Cidade Administrativa, sede do Executivo mineiro, que conta com seis edificações e é bem mais complexo que o do Mineirão. "Os administradores do Estado de Minas Gerais, ao optarem pela contratação direta, incorreram na prática de atos de improbidade administrativa, causando grave lesão ao erário", acusa o MPF.

Por meio de nota, a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa-MG) ressaltou que a decisão é apenas liminar e que o mérito da questão ainda será julgado. O texto ressalta o "notório saber" e "especialização" do escritório, contestados na ação, mas alega que a empresa de arquitetura já fez projetos para outros governos, como do Distrito Federal. 

A nota também observa que o escritório de Gustavo Penna foi contratado para desenvolver um projeto conceitual pela consultoria Ernest Young, encarregada de fazer o estudo de viabilidade técnica do Mineirão em 2008, antes da confirmação de Belo Horizonte como uma das sedes da Copa de 2014. "Isso significa dizer que o arquiteto e sua equipe foram contratados para participar do projeto do Mineirão por meio de contrato licitado firmado com a consultoria Ernest Young", diz o comunicado.

Para o juiz Leonardo Augusto de Almeida Aguiar, porém, as provas que constam na ação demonstram "fortes indícios de ilicitude na contratação direta por inexigibilidade de licitação bem como a ocorrência de improbidade administrativa dos gestores responsáveis pela contratação do escritório de arquitetura para elaborar o projeto básico de reforma e modernização do Estádio Mineirão". "Cuidando-se de projeto de vulto que certamente despertaria o interesse dos maiores escritórios de arquitetura do Brasil e até mesmo do exterior, é de se questionar a opção pela contratação direta do Escritório Gustavo Penna Arquitetos & Associados, quando o recomendado seria a realização de licitação", salientou o magistrado. 

A reportagem procurou o escritório de Gustavo Penna, que informou que se pronunciaria por meio de nota, mas o comunicado não foi enviado até o final da tarde desta quinta-feira.


Postado por Juarez Alves
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Fonte: ESPN

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