O milagre das mulheres não foi repetido pelos homens. De forma dramática, na manhã deste domingo, a seleção masculina de vôlei chegou a estar dois sets à frente, ter dois match points a favor, mas cedeu a virada para a Rússia e acabou com a medalha de prata.
No feminino, foi justamente contra a Rússia, nas quartas de final, que o Brasil começou a caminhada rumo ao ouro após salvar seis match points e virar um jogo perdido. Na final, sábado, virada sobre os EUA, que haviam vencido o Brasil na primeira fase. No masculino, tudo ao contrário. A seleção de Bernardinho havia atropelado a Rússia na fase de grupos (3 a 0), mas perdeu na decisão para o mesmo rival em partida que parecia ganha.
Não faltou drama na decisão. O Brasil começou atropelando nos dois primeiros sets, furando o alto bloqueio russo e dominando o marcador. No terceiro set, a seleção chegou a ter três pontos de vantagem (19-16) e desperdiçou dois match points no 24-23 e no 25-24, antes de levar a virada.
Com Dante no banco, com dores no joelho, e Giba na quadra, o Brasil foi atropelado no quarto set e precisou jogar o tie-break. O desempate, com Dante no sacrifício de volta à quadra, foi liderado pelos russos desde o início até o ponto final. As parciais foram de 19-25, 20-25, 29-27, 25-22 e 15-9.
Com a derrota, o Brasil fica com a segunda prata olímpica seguida no vôlei masculino. O Brasil perdeu a chance de repetir um feito realizado apenas pela União Soviética (antecessora da Rússia) no México-1968 e em Moscou-1980 (os Jogos do boicote ocidental), quando o mesmo país saiu dos Jogos Olímpicos com medalhas de ouro tanto no vôlei masculino quanto no feminino.
De consolo, fica um outro feito histórico que mostra a força do Brasil na modalidade. É a primeira vez na história que, dentro de um período de dois anos, o mesmo país chegou às finais masculina e feminina de Campeonato Mundial e Olimpíada no vôlei. O Brasil é ouro no feminino e prata no masculino, foi campeão do mundo entre os homens em 2010 e vice-mundial entre as mulheres no mesmo ano.
A União Soviética, campeã nos dois torneios olímpicos em 1968, não havia conquistado os Mundiais imediatamente anteriores. Foi campeã do mundo no feminino em 1970, mas não pegou pódio no masculino. Já a geração soviética masculina ouro em Moscou-1980 foi campeã do mundo dois anos antes e também dois anos depois, mas a seleção feminina não atingiu nenhuma das duas finais (78 e 82) naquela época.
O resultado deste domingo evita a consagração definitiva do trabalho de três ciclos olímpicos do técnico Bernardinho, que pode estar de saída da seleção brasileira. Desde que assumiu o comando, Bernardinho levou o vôlei masculino a três títulos mundiais (2002, 2006 e 2010), além de três finais olímpicas, com o ouro em 2004 e a prata em 2008 e 2012.
O líbero Serginho, o levantador Ricardinho, o meio Rodrigão e os pontas Giba e Dante, todos eles presentes em Atenas-2004, perderam a chance de se igualar a Maurício e Giovane como os jogadores brasileiros na história com duas medalhas de ouro na coleção.
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