Se fazem uma campanha boa na Copa do Brasil e possuem um desempenho nivelado na competição, São Paulo e Coritiba diferem muito na política de manutenção de técnicos. Em condições completamente distintas no cargo que ocupam, Emerson Leão e Marcelo Oliveira terão um duelo de gerações e estilos nesta quarta-feira.
Ainda que não admita publicamente, Leão comandará o São Paulo no Couto Pereira ciente de que uma eliminação deixará no mínimo o seu cargo muito em risco. Já Marcelo Oliveira enfrenta situação oposta, pois goza de prestígio tanto com os dirigentes do Coritiba quanto com os torcedores do clube.
Se a diretoria decidir demitir Leão em caso de uma eliminação, o São Paulo terá o seu quarto técnico durante o período em que Marcelo Oliveira comanda o Coritiba – desde o fim de 2010 (Paulo César Carpegiani, Adilson Batista, Emerson Leão e quem o substituí-lo).
O Coritiba não só apostou na manutenção de Marcelo Oliveira (que assumiu após Ney Franco acertar com a CBF), como viu o treinador recusar ofertas de outros clubes por gostar do seu trabalho com os paranaenses. Os resultados vieram: tricampeonato estadual e a chance de conseguir a segunda final consecutiva da Copa do Brasil (perdeu para o Vasco ano passado).
“Estamos conseguindo despertar aqui nas pessoas a cultura de que a instituição existe acima de tudo. Por isso, eles trabalham com tranquilidade por saberem que apenas contribuem para a soma de um todo”, justificou ao UOL Esporte o superintendente de futebol do Coritiba, Felipe Ximenes. “Aqui o treinador não é o único responsável nem quando ganha, nem quando perde”, emendou.
Técnicos de estilos opostos
Ainda que tenha abrandado, Leão chama a atenção com seu discurso forte, sem medo de polêmicas. Perto de completar 50 anos de carreira (somando o período como jogador), o treinador do São Paulo aposta no discurso motivacional em detrimento da tática.
Os defensores do estilo de Leão argumentam que os jogadores entram motivados em campo e buscam a vitória até o fim instigados por suas provocações. Por outro lado, os detratores chamam o treinador de ultrapassado e com métodos arcaicos de trabalho. A estes, ele rebate com ironia.
“Se aquela desorganização foi suficiente, gostaria de repetir o suficiente. Tua palavra desorganização é pra você, não pra mim. Jogamos dentro de uma necessidade. Do outro lado tem um time bem reinado, bem definido e esperançoso. É um título que salva o ano”, falou em coletiva nesta terça-feira.
Marcelo Oliveira adota o 'estilo mineiro' no seu trabalho. Ele é mais discreto e não costuma entrar em declarações polêmicas. Gosta de variações táticas e de tentar surpreender o adversário. O bom retrospecto no Coritiba o credenciou a tentar voos mais altos no eixo Rio-São Paulo, mas a diretoria diz estar segura de que ele cumprirá o seu contrato até o fim deste ano. “Assim como era com o Ney Franco, conhecemos o caráter do Marcelo Oliveira e estamos tranquilos de que ele não sairá do clube”, explicou Ximenes.
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