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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

SÉRIE B: Atlético-PR e São Caetano decidem vaga na elite com os mesmos 'coronéis' de final de 11 anos atrás


02-11-2012


Mario Petraglia e Nairo Ferreira, ainda no poder em Atlético-PR e São Caetano
Mario Petraglia e Nairo Ferreira, ainda no poder em Atlético-PR e São Caetano
No dia 23 de dezembro de 2001, o Atlético-PR calava o Anacleto Campanella com uma vitória magra por 1 a 0 sobre o São Caetano e levantava o título do Campeonato Brasileiro, a principal conquista da história do clube. Neste sábado, quase 11 anos depois, os dois times se reencontram em outra partida decisiva. Esta, porém, com um objetivo menos glorioso: se aproximar do retorno à elite do futebol nacional. Muita coisa mudou neste meio-tempo, mas, curiosamente, os mesmos homens seguem no comando do futebol de ambos os clubes.

Atlético-PR e São Caetano têm histórias parecidas nos últimos 17 anos. Os dois clubes surgiram com administrações de vanguarda, que prometiam quebrar com as gestões arcaicas e transformar a forma de gestão. De fato, muita coisa aconteceu para ambos. O que praticamente não ocorreu foi a alternância de poder.

O Atlético-PR tem o mesmo homem forte no futebol desde 1995. Mário Celso Petraglia foi presidente do clube de 1995 a 1997, de 2002 a 2003 e voltou no final do ano passado nos braços da torcida rubro-negra. Mesmo quando ficou fora da presidência, sempre foi o homem mais importante do futebol atleticano. Apenas entre 2008 e 2011, quando rompeu com o ex-aliado Marcos Malucelli, é que se afastou do poder e passou para a oposição.
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Atlético-PR levou o título de 2001 sobre o São Caetano, no Anacleto Campanella
Atlético-PR levou o título brasileiro de 2001 sobre o São Caetano

Petraglia é um homem polêmico. No momento, por exemplo, não está falando com a imprensa por conta das denúncias que vem sofrendo de que teria favorecido empresas de familiares nas licitações para as obras da reforma da Arena da Baixada. Quem fala por ele é Mauro Holzmann, diretor de comunicações do clube alvinegro.

Holzmann defende a continuidade de Petraglia no comando do Atlético-PR. Para ele, a alternância de poder deve acontecer apenas na política. Em clubes geridos como empresa não há motivos para se mudar um presidente que vem tendo sucesso. “Se você olhar o Atlético antes de 1995 e o que se transformou depois, você vai ver a diferença. Éramos um clube regional muito grande na alma do seu torcedor, mas que nunca tinha participado de competições nacionais para ganhar. E que se transformou em inovador nesse período todo”, diz.

“É uma visão muito particular sobre isso. Não estamos falando de partido politico ou de governo, mas de empresas. Alternância de poder não tem a ver com empresa. Se o administrador estiver fazendo um bom trabalho, não vejo motivo para trocá-lo. Tem empresa que tem o mesmo presidente há 20 anos”, completa.

De fato, o trabalho de Petraglia trouxe bons lucros ao Atlético-PR. O clube se tornou campeão brasileiro pela primeira e única vez e conseguiu chegar em uma final de Libertadores, em 2005, além de conquistar seis estaduais neste período. Além disso, construiu a Arena da Baixada, reformou os centros de treinamento e ainda acabou com quase todas as dívidas.

Petraglia até se envolveu em confusões fora de campo, como a de agora, de favorecimento aos familiares nas licitações para a escolha da empresa que forneceria os assentos da Arena para a Copa do Mundo, mas o fato é que foi eleito no fim do ano passado nos braços da torcida. Bem verdade que ajudado pelo fato de o time ter ido muito mal no curto período de tempo que ficou nas mãos de outra pessoa.
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Kléberson, do Atlético-PR, e Adãozinho, do São Caetano, em 2001
Kléberson, do Atlético, e Adãozinho, do S. Caetano, em 2001

“Embora tivéssemos em 2011 o melhor dos plantéis do Atlético nos últimos anos, não deu certo, o time não ganhou partidas. Não tendo resultado, traz um desgaste. Foi onde o Petraglia se aproveitou para ficar fomentando a volta dele. Ele trabalhou a volta dele em cima disso”, explica o ex-presidente Malucelli, que discorda de Osman sobre a continuidade no poder. “No futebol tem que ter a alternância de poder. Até para que a pessoa não acabe cedendo ao meio que está”, explica.

Do lado do São Caetano é Nairo Ferreira quem se perpetuou no poder. O presidente assumiu o clube em 1996 e nunca mais largou. Teve um começo fantástico no comando da equipe. Com a ajuda da prefeitura da cidade e um bom patrocínio da Consul, escalou as divisões do futebol brasileiro e foi vice-campeão do Brasileiro por duas vezes (2000 e 2001) e da Libertadores uma vez (2002). Em 2004, conquistou seu maior título, o de campeão paulista.

Aos poucos, porém, a situação foi se transformando. O time sofreu com a morte do zagueiro Serginho e também do ex-prefeito da cidade, Luiz Olinto Tortorello. Aos poucos foi mudando também a filosofia de trabalho: passou a contratar jogadores mais rodados e a ter menos paciência com treinadores. Como resultado, caiu para a segunda divisão em 2006 e ainda briga para voltar à elite. Nairo Ferreira também nunca conseguiu dar início às obras do centro de treinamento que sempre quis construir.



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